quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Etapa Mítica da Musicoterapia

O uso da Música como agente no combate às doenças é quase tão antigo como a própria Música.

Para o homem primitivo, o som surgia como algo de mágico, de misterioso, talvez porque fosse incompreensível, mas era, também, um meio de comunicação. Através da Música, o homem procurava libertar os maus espíritos que, em seu entender, afectavam as tribos primitivas. A Música, para o Homem primitivo possuía um poder omnipotente, mágico, poderoso.
Nas civilizações totémicas desenvolveu-se a crença de que cada um dos espíritos que habita o mundo possui o seu próprio som específico e individual.


«Os homens primitivos acreditavam que cada ser vivo ou morto tinha o seu próprio som ou canção secreta à qual devia responder, e que o tornava vulnerável à magia. Por esta razão, os rituais mágicos da saúde dos médicos ou bruxos, tratavam de descobrir o som ou canção à qual responderia o homem enfermo ou o espírito que nele habitava. O som pessoal podia relacionar-se com o timbre da voz do homem, que ainda hoje sabemos que é um factor
individual universal».
(Benenzon, 1985, pp. 247-248).


O primeiro relato sobre Musicoterapia aparece na Bíblia (I Samuel, 16: 23):


«E sempre que o Espírito mau de Deus acometia o rei, David tomava a harpa e tocava. Saul acalmava-se, sentia-se aliviado e o espírito mau deixava-o.»


Para os Egípcios, a música era um presente dos Deuses, exercendo influência sobre o corpo humano. Eles acreditavam no poder curativo da música.


«(…) os primeiros escritos onde se fazem referência à sua influência sobre o corpo humano são provavelmente os papiros médicos egípcios, descobertos em Kahum, por Petrie, em 1899 e que datam mais ou menos do ano 1500 antes de Cristo. Estes referiam-se ao encantamento pela música, a que atribuíam uma boa influência sobre a fertilidade da mulher».

Benenzon (1985.p. 245)



Através de Platão desenvolveu-se um dos princípios fundamentais em Musicoterapia:


«(…) os sons podem parecer-nos afinados ou desafinados, isso depende da compatibilidade ou incompatibilidade de estes sons connosco».

(Blasco, 1999, p. 404)

Platão e Aristóteles poderiam ser considerados os precursores dos musicoterapeutas. Aristóteles «(…) falava do verdadeiro valor medicinal da música ante as emoções incontroláveis e atribuía o seu efeito benéfico para a catarse emocional (…)». Por sua vez, Platão receitava música e danças para os terrores e para as angústias fóbicas.

Em Roma, a música não era entendida como uma arte, mas como algo que poderia ser usado, quer para curar doenças mentais, quer para tranquilizar ou, ainda, para produzir saúde, coragem e virilidade.